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Projeto Expográfico: Exílio e Modernidade

O tema desta exposição era o legado da contribuição estrangeira para a formação da paisagem urbana e arquitetônica de Sao Paulo e suas repercussões artísticas, literárias, gráficas, etc.

A curadoria definiu alguns sub-temas principais a serem abordados que, ao mesmo tempo em que seguiam uma certa linearidade de percurso, existiam em relações múltiplas uns com os outros. O conceito principal da linguagem da exposição era o “olhar estrangeiro”: o “recorte” do olhar como a interpretação do novo, de como este olhar externo gerava modificações no que era visto e sua consequente transformação. “Rasgos” que rompem barreiras trazendo a bagagem cultural como ferramenta para um novo olhar.

 

Tendo o conceito em mente e refinando-o no trabalho em equipe, o processo de desenvolvimento do projeto espacial envolveu inúmeras sessões de “brainstorming” com a curadoria, procurando significados, conexões e sua materialização. Foi definida uma sequência de espaços ao longo da exposição, desde a chegada, que representassem a imersão gradativa, por camadas, das culturas vindas de fora com o nacional. A exposição não pretendia ser “linear”, embora se organizasse por temas - o intuito era trazer à percepção relações entre os assuntos abordados que os revelassem como parte de uma rede complexa de interações não lineares.

 

O espaço Inicial, que representava eminência da transição, do ponto de vista dos arquitetos e artistas europeus que para cá iriam imigrar, tinha a característica de refletir a opressão no país de origem, que propulsionaria a vontade de mudar, e o sonho de um país  novo ainda no imaginário. Concebeu-se uma espécie de “antecâmara” na entrada da exposição, com pé direito mais baixo e fechada por painéis isolando-a do resto do espaço.  

 

Na sequência, um espaço de “passagem” representando a transição da Europa para o Brasil, a viagem, as camadas de chegada, o estranhamento e a novidade. Uma espécie de ponte entre os dois mundos, representada por um túnel de acesso ao espaço principal, pintado na cor grafite escuro justamente para que houvesse um contraste com o “descortinar” de um novo mundo na próxima etapa.

 

Finalmente, a saída do túnel para um espaço central aberto, claro, onde os percursos da inserção cultural se revelam. Aqui há visibilidade da exposição como um todo, com inúmeras possibilidades de conexão visual entre diferentes elementos, e embora haja um sentido sugerido, o espaço pode ser  percorrido sem hierarquia rígida.

 

O partido espacial adotou um sistema modular flexível de bancadas, painéis e caixas acrílicas, elementos estes que poderiam ser configurados no espaço em diferentes arranjos conforme a evolução da curadoria até o último momento. Estes se dispunham no eixo central do espaço, deixando as paredes laterais livres. As bancadas, de 90 cm de altura, serviam de suporte para as caixas acrílicas com documentos ou obras de arte originais, e para informação gráfica impressa. Os painéis, de 2 m de altura, funcionaram como suporte para informação gráfica impressa ou reproduções de documentos e fotografias, além de base para quadros orginais que foram emprestados por coleções particulares para a exposição. Os elementos foram construídos em MDF e pintados em branco. Nas paredes laterais foram fixados painéis em MDF do piso até uma altura de 2 metros, e estabeleceu-se uma zona para informação gráfica impressa, com evolução por subtemas e cores, relacionados com as bancadas e painéis à frente. Havia também uma área para vídeos e depoimentos, e praticáveis para exibição de mobiliário. Com isto, estabeleceu-se um “framework” espacial para que a equipe gráfica contratada desenvolvesse o conceito gráfico da exposição dentro dos parâmetros definidos.

 

Foram definidas 8 áreas com os seguintes subtemas:

1) Modernização (período anterior à chegada dos estrangeiros)

2) Viagem/Navios/Modernidade

3) Olhar Estrangeiro

4) Europa/Mapa Mundi (contexto das produções internacionais)

5) Documentação (dificuldades encontradas pelos estrangeiros em se estabelecer no Brasil)

6) Intermediários (brasileiros que se aliaram a movimentos internacionais)

7) Programas (contribuição dos arquitetos estrangeiros na tipologia de edificações nacionais)

8) Diálogo com o nacional (fusão e tropicalização)

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